Dia Mundial de Conscientização do Autismo: Desafios, avanços e a luta pela inclusão

ALMT Mulheres

POR: AMANDA PAIM

Em um mundo de diversidade, elas se destacam. Comportamentos repetitivos, forte apego a rotinas, interesse profundo por temas específicos e dificuldade em criar ou imaginar novas situações.

Essas são algumas das características de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista, o TEA.  Para as famílias, é um novo universo repleto de desafios, em que só o entende quem nele se insere.

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, vamos adentrar nesse mundo tão único que é o TEA e descobrir um pouco desse universo tão particular e especial. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas no Brasil.

A psicopedagoga Rosane Maria Kempner, 46 anos, se considera uma mãe ”atípica’’. Mãe de Guilherme N. Kempner, de 7 anos, com TEA nível 1 de suporte e altas habilidades. Ela conta que o desenvolvimento do filho aconteceu normalmente até os dois anos de idade.  Então, começaram os padrões de comportamentos restritos e repetitivos, e também a falta de contato visual. Rosane, inicialmente, acreditou que Guilherme poderia ter algum problema auditivo, o que foi descartado por exames feitos por um otorrinolaringologista.

“Os resultados deram normais, E nós fomos encaminhadas a fazer uma avaliação com a fono. Mas, eu já tinha desconfiado de alguns sintomas atípicos que ele estava apresentando’’, disse.

Outras características do filho, como hiperfoco e inteligência aguçada para a idade, indicaram que a psicopedagoga deveria procurar outros especialistas a fim de indicarem um diagnóstico mais preciso. Isso só aconteceu após a ida a uma neuropediatra, que detectou a condição do menino.

Rosane Kempner e seu filho Guilherme (Foto: Redes Sociais)

A descoberta fez com que ela, que atua há 28 anos na Educação, buscasse especializações na área do autismo.  Ela cursou análise de comportamento aplicada (ABA), que é uma ciência que faz parte das intervenções aplicadas no TEA. Além disso, atualmente, Kempner  está cursando Neurociência e Neuropsicopedagogia e hoje ajuda pais e profissionais da educação com orientações e palestras.

“Guilherme é o xodó da família, e Rosane conta com um grande apoio da família no desenvolvimento dele. Ela descreve o caçula como ‘’uma criança amorosa, espontânea, que trouxe muita alegria para a família’’, diz.

Sobre  os desafios que as famílias com pessoas com TEA enfrentam na sociedade, Rosane evidencia os estigmas do transtorno e também a negligência do poder público a respeito do cumprimento das leis que versam sobre o tema.

“O capacitismo,  o preconceito e a falta de informação. O não cumprimento das leis que garantem os direitos dos autistas. Nós lutamos, corremos atrás, vamos fazer com que os direitos deles sejam cumpridos’’, afirma.

Quanto ao futuro que espera para Gui, ela, como mãe, sonha em uma sociedade mais esclarecida e empática.   “[…] Que ele possa ter um futuro tranquilo, porque nós sonhamos com um futuro em que as pessoas, elas possam enxergar o autismo e as demais deficiências como parte desse mundo e não um mundo à parte’’.

A psicóloga e analista de comportamento, Laíse Schwarz, de 34 anos,  falou sobre os procedimentos que determinam o diagnóstico do transtorno de espectro autista.

”O diagnóstico do autismo é clínico, ou seja, realizado por meio de observações diretas e entrevistas. O recomendado é que uma equipe multidisciplinar avalie, considerando de forma particular as necessidades’’.

Laíse afirma que quanto mais cedo o diagnóstico e realização de intervenções cientificamente comprovadas, maiores são as chances de qualidade de vida para o autista e seus familiares. E que a falta de um laudo ou a não estimulação podem causar regressões comportamentais como a não comunicação e ou carência de habilidades sociais.

Para a profissional, é fundamental o esclarecimento da população sobre o assunto com informações que coloquem o tema em destaque, a fim de que haja conscientização da sociedade. Com isso, o atendimento às pessoas com autismo poderão ser feitas de forma humanizada e sem preconceitos .

A sociedade precisa estar preparada para atender as necessidades da pessoa com autismo, de forma a incluir e diminuir a discriminação. Colocar o tema em evidência é essencial para a conscientização e promoção de empatia’, pontuou.

Apesar dos avanços recentes na conscientização e inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ainda há um longo caminho a percorrer para garantir uma inserção social plena e equitativa.

Somente com a participação de diferentes grupos em todos os espaços será possível a construção de uma sociedade realmente justa, igualitária e – sobretudo – democrática.

ALMT Mulheres

Deixe uma resposta