O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) criticou com ironia o discurso de setores da direita brasileira que alegam viver uma “ditadura” após o decreto de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para o parlamentar, se há algum regime autoritário no país, é o da “ignorância” propagada por apoiadores do ex-presidente, com teses sem fundamento.
Em entrevista à imprensa, Lúdio destacou que Bolsonaro está sendo julgado com amplo direito de defesa, conforme prevê o Estado Democrático de Direito. Ele citou o depoimento do ex-presidente ao STF — no processo em que é acusado de tentativa de golpe de Estado — como prova de que as instituições funcionam normalmente.
O petista ressaltou que o próprio depoimento de Bolsonaro desmontaria a tese de perseguição política. “Quando questionado sobre as denúncias que ele fez de que os ministros do Supremo receberiam milhões, ele disse que não tinha prova nenhuma, pediu desculpas. Quando questionado sobre os acampamentos nos quartéis, mobilizados por ele, das pessoas que estavam pedindo intervenção militar, o novo AI-5, ele disse no depoimento que quem estava nos quartéis era um bando de maluco pedindo AI-5, que ele não tinha qualquer responsabilidade sobre aquilo”, afirmou.
Lúdio ainda lembrou que Bolsonaro chegou a convidar o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice em uma eventual candidatura futura. Para o deputado, a postura do ex-presidente durante o interrogatório “evidencia a ausência de uma ditadura ou perseguição”. “Onde é que está ditadura? Onde é que está perseguição? Quando o próprio réu, ao ter oportunidade de se defender, presta um depoimento daquela natureza”, questionou.
O parlamentar foi além, classificando o que chamou de “ditadura” como a “frouxidão e covardia dos Bolsonaros”. Ele criticou parte do Congresso por abraçar essa narrativa e acusou o grupo de “se dizer patriota, mas, na prática, ser antipatriótico”, citando a fuga de um dos filhos de Bolsonaro para os EUA com o objetivo de “conspirar contra o Brasil”.