‘Antes cumpriam pena, hoje contestam a Justiça’, avalia cientista política

Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: TV Vila Real

A cientista política Christiany Fonseca destacou, em entrevista ao Jornal do Meio Dia (TV Vila Real, canal 10.1), uma mudança profunda no comportamento de parte da classe política brasileira.

Segundo ela, enquanto no passado figuras como Lula e José Dirceu, mesmo criticando o sistema judicial, cumpriram penas e aceitaram os trâmites da Justiça, hoje se observa um movimento de não aceitação das urnas e contestação aberta ao Estado Democrático de Direito.

Christiany lembrou que, no caso do mensalão e da Operação Lava Jato, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ser preso após condenação em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro.

“Ele teve o processo anulado, mas não foi inocentado. Ainda assim, Lula se submeteu a todo o ritual judicial, mesmo com mobilizações de rua pedindo sua libertação”, frisou a analista.

O Mensalão, frequentemente citado por membros da direita, foi um escândalo político revelado em 2005, envolvendo a compra de votos de parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo Lula. O esquema foi denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, que acusou o ministro da Casa Civil, José Dirceu, de ser o articulador. Segundo Jefferson, deputados recebiam cerca de R$ 30 mil por mês, valores desviados de estatais e repassados por meio da agência de publicidade de Marcos Valério.

José Dirceu, lembrou ela, também cumpriu anos de prisão antes de voltar ao cenário político. Hoje, porém, o cenário é outro. Fonseca apontou que parte da direita radical se recusa a reconhecer o resultado das eleições de 2022 e tenta deslegitimar as instituições. Para a cientista, o contraste expõe a fragilidade democrática do Brasil.

“O que vemos é uma não aceitação do resultado que houve nas urnas. E as urnas são soberanas. A partir dessa recusa, surgem movimentos pedindo intervenção militar, muitas vezes sem nem compreender o que isso de fato significa”, criticou.