Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil
A fila de espera para aposentadorias, pensões e auxílios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) disparou no primeiro semestre de 2025, encerrando o mês de junho com impressionantes 2,44 milhões de requerimentos. Dentre esses, 1,17 milhão refere-se a benefícios por incapacidade, evidenciando a crescente demanda por suporte social em um cenário econômico desafiador.
Os dados foram divulgados recentemente durante uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social e revelam um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano anterior. A escalada da fila teve início em dezembro de 2024, quando o número de requerimentos ultrapassou a marca de 2 milhões, atingindo seu pico em março deste ano com 2,7 milhões de pedidos – o maior nível desde 2019.
Em junho, o aumento foi alarmante: 81% em comparação com o mesmo mês de 2024, quando havia 1,35 milhão de requerimentos. Embora tenha havido uma leve queda de 4,6% em relação ao mês anterior, que registrou 2,56 milhões de pedidos, a situação continua crítica.
O tempo médio para a conclusão dos pedidos também voltou a subir. Os dados mostram que:
- Aposentadoria por tempo de contribuição: 68 dias
- Aposentadoria por idade: 57 dias
- Pensão por morte: 60 dias
- Salário-maternidade: 37 dias
- Benefício assistencial ao idoso: 36 dias
- Benefício assistencial à pessoa com deficiência: 110 dias
O advogado João Badari, especialista em direito previdenciário, destaca que o crescimento da fila reflete um problema estrutural que afeta milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis. “Estamos falando de pessoas que aguardam benefícios como aposentadorias e auxílios por incapacidade – muitos em situação de fragilidade social e de saúde”, afirma Badari.
Ele aponta que o aumento da fila pode estar relacionado à redução do número de servidores no INSS, ao elevado volume de pedidos e à falta de investimentos em estrutura e tecnologia. “Além disso, medidas recentes de revisão e pente-fino, sem o devido reforço na capacidade de análise, também contribuem para esse represamento”, acrescenta.
Na prática, esses atrasos comprometem o sustento de famílias inteiras e impactam diretamente a economia local. Em cidades menores, onde os benefícios previdenciários representam uma importante fonte de renda, as consequências são ainda mais severas.
Diante desse cenário preocupante, é urgente que medidas sejam tomadas para desburocratizar o processo e garantir que os benefícios cheguem a quem realmente precisa. A transparência e a eficiência nos serviços prestados pelo INSS são fundamentais para assegurar a dignidade e o sustento dos trabalhadores brasileiros.
