O general cuiabano Júlio Cesar Arruda confirmou em depoimento ao ministro do STF Alexandre de Moraes que rejeitou uma proposta para participar de um golpe de Estado que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023.
O relato foi feito nesta quinta-feira (22) durante seu testemunho como defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Arruda assumira o comando do Exército em 28 de dezembro de 2022, mesmo dia em que recebeu a proposta do general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro.
“Conversamos sobre diversos assuntos, mas não o expulsei da minha sala. Eu disse que daria continuidade ao que Freire Gomes estava fazendo”, declarou Arruda, negando ter expulsado Fernandes de sua sala, conforme informações do jornal Folha de S.Paulo, que acompanhou o depoimento.
Negativa às prisões no Setor Militar Urbano
O general também negou ter impedido a Polícia Militar do Distrito Federal de prender manifestantes golpistas no Setor Militar Urbano de Brasília na noite de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, a PM planejava deter todos os envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes.
“Quando parte dos manifestantes estava voltando para a Praça dos Cristais [em frente ao quartel], o general Dutra me ligou: ‘A PM está vindo atrás e tenho informação que eles vão prender todo mundo’. Eu falei: ‘não, isso tem que ser coordenado’. Foi essa a ação inicial”, explicou Arruda.
Segundo o depoimento, o general entrou em contato com o então interventor da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, e o comandante da PM, Fábio Augusto Vieira, para discutir a operação. Posteriormente, os ministros Flávio Dino (Justiça), José Múcio Monteiro (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil) reuniram-se no QG do Exército e decidiram que as prisões ocorreriam apenas na manhã do dia 9.
Fim do comando e polêmica com Mauro Cid
A revelação sobre a recusa de Arruda em apoiar o golpe havia sido publicada pelo Estadão em 2023. Sua saída do comando do Exército ocorreu em 21 de janeiro do mesmo ano, após conflito com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, devido à manutenção de Mauro Cid no comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de elite em Goiânia.
(Com informações da Folha de S.Paulo e Estadão)