Hepatites virais no Brasil: O que você precisa saber para se proteger

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As hepatites virais mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A, B e C. A vacinação é a principal forma de prevenir a infecção pelos tipos A e B. Com a campanha Julho Amarelo, reforça-se a importância de alertar a população sobre os riscos e impactos dessas doenças no fígado e na saúde geral.

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), entre 2019 e 12 de junho de 2025, foram registrados em Mato Grosso 118 casos de hepatite A, 2.801 de hepatite B e 1.142 de hepatite C, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). No mesmo período, houve três mortes por hepatite A, 36 por hepatite B e 146 por hepatite C.

O secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo, destacou que as hepatites virais costumam ser silenciosas, sem sintomas evidentes, mas podem se tornar doenças crônicas e graves se não forem detectadas e tratadas a tempo. Entre os sinais mais comuns estão cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, coloração amarelada na pele e nos olhos, urina escura e fezes claras.

A vacinação oferecida gratuitamente pelo SUS é a principal forma de proteção contra os vírus da hepatite A e B. Além disso, os testes rápidos para hepatites B e C estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Mato Grosso.

Segundo Regina Nascimento, responsável técnica pelas hepatites virais na SES, essas doenças representam um sério problema de saúde pública. Elas podem ser causadas não só por vírus, mas também por uso excessivo de medicamentos, consumo de álcool e outras drogas, além de fatores autoimunes, metabólicos e genéticos. Um simples exame pode diagnosticar precocemente a infecção e salvar vidas.

A hepatite B e a C costumam evoluir de forma silenciosa, tornando-se crônicas em muitos casos. A ausência de sintomas dificulta o diagnóstico precoce, o que pode resultar em complicações graves, como fibrose, cirrose, câncer hepático e até a necessidade de transplante de fígado. Por isso, é essencial manter acompanhamento médico regular.

O SUS fornece medicamentos para o tratamento das hepatites B, C e D a todos os pacientes diagnosticados, por meio das Unidades Dispensadoras de Medicamentos (UDM). No caso da hepatite A, ainda não há um tratamento específico.

Mato Grosso conta atualmente com 32 unidades de Serviço de Assistência Especializado (SAE), cada uma com sua respectiva UDM. Entre janeiro de 2022 e maio de 2025, foram registrados no Sistema Logístico de Controle de Medicamentos 1.729 pacientes em tratamento para hepatite B e 641 para hepatite C.

O Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac) é a unidade da SES especializada no diagnóstico precoce e acompanhamento de pacientes com hepatites virais, com atendimento integral e gratuito pelo SUS.

Como ocorrem as transmissões e como se prevenir
A hepatite A é transmitida principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminada com fezes. Fatores como falta de saneamento básico e higiene pessoal facilitam o contágio. Também pode haver transmissão em situações de contato próximo, como entre crianças em creches, pessoas em situação de rua e em relações sexuais.

Entre as medidas preventivas estão: lavar bem as mãos e os alimentos crus com água potável ou fervida, higienizar utensílios como pratos, talheres e mamadeiras, manter boas práticas de higiene em locais de preparo de alimentos, evitar contato com enchentes ou esgotos, e usar preservativos.

A hepatite B pode ser passada da mãe para o bebê durante a gravidez ou no parto. Apesar de não haver cura, o tratamento disponível no SUS ajuda a controlar a doença e reduzir complicações.

Para se proteger, recomenda-se usar camisinha em todas as relações sexuais, não compartilhar objetos pessoais (como lâminas, escovas de dente e alicates), e ter cuidado com procedimentos como tatuagens e colocação de piercings, que devem ser feitos com material devidamente esterilizado.

A hepatite C é transmitida pelo contato com sangue contaminado. Isso pode acontecer através de agulhas, seringas ou outros materiais cortantes compartilhados, falhas em procedimentos médicos ou odontológicos, hemodiálise e transfusões feitas sem os devidos cuidados.

Não existe vacina para hepatite C, mas a doença tem cura. O tratamento é feito com Antivirais de Ação Direta (DAA), com taxa de cura acima de 95%, geralmente em 8 a 12 semanas. A prevenção envolve não compartilhar objetos que possam ter contato com sangue e o uso de preservativos.

Vacinação em Mato Grosso
A vacina contra hepatite A faz parte do calendário infantil e é oferecida a crianças de 1 a 4 anos e a pacientes atendidos nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Já a vacina contra hepatite B está disponível para qualquer pessoa não vacinada, independentemente da idade, nos postos de saúde.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Alessandra Moraes, a imunização é essencial para evitar complicações causadas por essas doenças. Além de proteger a população, também reduz a demanda por atendimentos no SUS.

Somente em 2025, os municípios de Mato Grosso aplicaram 24.331 doses da vacina contra hepatite A e 109.906 doses da vacina contra hepatite B.

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