As quebras de sigilo de comunicações que fundamentaram a operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (24) sobre a venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul apontam que as negociações suspeitas aconteciam por meio dos filhos dos desembargadores afastados. Esses filhos, na maioria dos advogados, usaram seus escritórios para roubar os mecanismos de rastreamento do fluxo de dinheiro.
A Folha de S.Paulo reportou ao TJ-MS, mas ainda não obteve retorno. A ação, batizada de Ultima Ratio, investiga crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário. Os mandatos de busca foram expedidos pelo ministro Francisco Falcão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e estão sendo cumpridos por cerca de 200 policiais federais em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá ( MT). A investigação sobre a transferência de sentenças conto com o apoio da Receita e é um desdobramento da operação Mineração de Ouro, deflagrada pela PF em 2021. Na primeira fase, a investigação focou a suposta participação de membros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul em uma organização criminosa. O nome da operação originou-se da descoberta de que a aquisição de direitos de exploração de mineração em determinadas áreas era utilizada para lavar dinheiro proveniente do esquema.
Cinco desembargadores foram afastados das cargas por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além das buscas, há medidas como autorização de acesso às dependências de órgãos públicos, disposições de comunicação entre investigados e uso de tornozeleira eletrônica. Um dos afastamentos por 180 dias é o presidente do TJ-MS, Sergio Fernandes Martins. Os outros são Vladimir Abreu da Silva, Marco José de Brito Rodrigues, Sideni Soncini Pimentel e Alexandre Aguiar Bastos.