Projeto-piloto leva cães resgatados para interação terapêutica com idosos no Abrigo Bom Jesus

Reprodução: Internet.

No próximo dia 13 de setembro, os moradores do Abrigo Bom Jesus, em Cuiabá, participarão de uma ação inédita promovida pela Prefeitura de Cuiabá, por meio da Diretoria de Bem-Estar Animal (BEA). Trata-se de um projeto-piloto que levará cerca de 10 cães resgatados ao local, com o objetivo de oferecer momentos de interação e bem-estar aos 97 idosos abrigados. A iniciativa tem caráter terapêutico e ainda está em fase de testes.

Segundo a nutricionista e responsável técnica da instituição, Laura Toledo, a expectativa em torno da atividade é grande. Para ela, a presença dos animais tem um forte impacto emocional nos idosos. “A interação com os animais, com voluntários, proporciona um sentimento de acolhimento e pertencimento. O animal oferece um amor puro, e esse tipo de iniciativa, voltada ao público idoso, é de enorme valor para nós”, afirmou.

Atualmente, alguns gatos circulam livremente pelo abrigo e já fazem parte da rotina dos residentes, que cuidam deles com carinho. Muitos dos idosos os alimentam escondido e até permitem que durmam em suas camas. Essa relação mostra o quanto os vínculos afetivos com os animais ainda são fortes, e reforça a importância de iniciativas como essa nova atividade com os cães.

“Eles cuidam com tanto zelo dos gatos que temos que ficar de olho. Com essa nova proposta, de uma atividade direcionada com cães na praça do abrigo, a reação deles será maravilhosa. Vai ser transformador”, disse Laura.

Além de promover afeto, a interação com animais pode estimular capacidades cognitivas e emocionais, contribuindo para a saúde mental e a sensação de pertencimento dos idosos, muitos dos quais foram vítimas de abandono e não contam com visitas frequentes de familiares.

O Abrigo Bom Jesus, presidido por Márcia Antônia Ferreira, atende atualmente 97 idosos, com idades entre 64 e 107 anos. A maioria vive no local após ter sido abandonada, inclusive em unidades de saúde. Para amenizar os efeitos do isolamento e promover o bem-estar, a instituição oferece diversas atividades com apoio de voluntários, como fisioterapia, hidroginástica, pintura, ecoterapia, cinema, música e aulas de alfabetização. Agora, a terapia assistida por animais será incorporada a essa programação.

A diretora da BEA, Morgana Thereza Ens, está liderando a iniciativa. Além disso, ela mesma contribuiu com a revitalização visual do abrigo, criando murais coloridos e desenhos nas paredes para tornar o ambiente mais acolhedor. Morgana destaca que a ação é também uma forma de refletir sobre o abandono — tanto de animais quanto de pessoas.

“Ver essas situações de abandono, tanto de animais quanto de idosos, nos leva a uma reflexão profunda sobre nossas falhas enquanto sociedade. Essa troca de cuidado e carinho entre eles tem um poder transformador”, afirmou a diretora.

A equipe da BEA também estuda realizar a castração dos gatos que vivem no abrigo, como forma de cuidado e controle populacional responsável.

Deixe uma resposta