Segunda fase da Operação Poço Sem Fundo mira esquema de R$ 22 milhões na Metamat

Reprodução: Internet.

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, nesta quarta-feira (10), a segunda fase da Operação Poço Sem Fundo, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre um esquema de fraudes em contratos da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat). A nova etapa cumpre 13 mandados judiciais relacionados a crimes que teriam ocorrido entre 2020 e 2023, envolvendo desvio de recursos destinados à perfuração de poços artesianos em comunidades rurais.

Coordenada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), a investigação foi iniciada a partir de uma denúncia feita pelo próprio Governo de Mato Grosso. Auditorias realizadas pela Controladoria Geral do Estado (CGE) revelaram prejuízos superiores a R$ 22 milhões causados por contratos com execução parcial, pagamentos irregulares e fiscalização ineficaz.

A ação desta quarta-feira inclui mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens e medidas cautelares diversas da prisão, como proibição de acesso às dependências da Metamat, entrega de passaportes, restrições de contato entre investigados e obrigação de comparecimento mensal em juízo. O bloqueio bancário determinado também corresponde ao valor estimado do prejuízo: R$ 22 milhões.

A operação é resultado do material colhido na primeira fase, realizada em maio, que já havia atingido seis empresas e 24 pessoas físicas, entre elas 16 servidores ou ex-servidores públicos e oito empresários. Na ocasião, foram decretadas 226 medidas judiciais, incluindo afastamento de funções públicas, suspensão de pagamentos e proibição de novas contratações com o Estado.

As apurações revelam que o grupo criminoso firmava contratos para perfuração de poços artesianos que deveriam beneficiar comunidades rurais, mas os serviços, em muitos casos, sequer foram realizados. Há registros de poços secos ou improdutivos, localizados em áreas privadas, plantações, garimpos e até em uma granja — em completo desvio da finalidade pública. Em outros casos, os próprios moradores precisaram improvisar meios de acesso à água.

A CGE identificou falhas tanto na execução das obras quanto na fiscalização dos contratos, o que permitiu o pagamento por serviços não entregues ou mal executados. A Justiça determinou a realização de novas auditorias para avaliar o prejuízo específico em cada contrato e verificar se houve direcionamento nas licitações.

O nome da operação — Poço Sem Fundo — faz alusão à expressão popular usada para situações em que há grande perda ou desperdício de recursos, refletindo o volume de dinheiro público desviado sob o pretexto de levar água potável às comunidades rurais de Mato Grosso.

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