De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o plantio de soja, que estava atrasado até o final da segunda quinzena de outubro, foi acelerado graças ao esforço dos produtores, que, em apenas uma semana, expandiram a área plantada no estado de 8,8% para mais de 25%. Esse avanço no ritmo de semeadura reflete a preocupação com a janela de plantio do milho na próxima safra, já que um atraso no plantio da soja pode prejudicar o milho ao empurrá-lo para um período de menor produtividade em março. Esse cenário também pode tirar grandes áreas da recomendação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), afetando a cobertura do seguro em caso de sinistro.
Embora a aceleração da semeadura seja positiva para evitar conflitos com o milho, ela também desperta preocupações devido ao impacto do fenômeno La Niña, que deve trazer períodos de alta umidade em todas as regiões do estado. Segundo previsões da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), grandes volumes de chuva são esperados para os meses de janeiro e fevereiro de 2024, que são críticos para a colheita da soja. Esse cenário reacende o alerta para os produtores, que podem enfrentar desafios semelhantes aos do ciclo 2020/21, quando condições climáticas severas afetaram a colheita em várias regiões de Mato Grosso.
Segundo estudo do IMEA, entre a segunda quinzena de outubro e a primeira semana de novembro, mais de 83% da área de soja deverá ser semeada, superando o recorde de plantio rápido da safra 2020/21, que atingiu 80% da área nesse período. Contudo, as previsões de chuvas intensas durante a colheita criam um paralelo crítico entre as duas safras. A expectativa é de que metade da área total seja colhida em apenas três semanas, entre a segunda quinzena de fevereiro e o início de março.
“O cenário caótico de 2020 é um precedente alarmante. Naquela ocasião, safras inteiras foram perdidas no campo, filas se formaram nas tradings e cerealistas, e cargas apodreceram nos caminhões. Além disso, descontos de qualidade aplicados pelos adquirentes, alguns deles sem transparência contratual, chegaram a 90% em casos extremos”, afirma o diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol.
Diante deste cenário, a Aprosoja MT orienta as tradings a anteciparem o planejamento e a investirem na ampliação da capacidade de recebimento, incluindo a extensão de turnos para garantir fluidez no processo e evitar que o trabalho árduo dos produtores se perca devido a gargalos logísticos. A entidade também recomenda que os produtores fiquem atentos aos descontos de qualidade aplicados pelos compradores e, caso necessário, recorram ao Programa Classificador Legal, que oferece mediadores habilitados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para solucionar disputas de qualidade de grãos.
Para acionar o Programa Classificador Legal, o produtor pode entrar em contato pelo Canal do Produtor, no telefone (65) 3027-8100.